A Huawei e a Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC) deram um passo crucial para reduzir a dependência tecnológica da China: iniciaram testes com equipamentos de produção de chips totalmente desenvolvidos em território nacional.
A iniciativa, revelada por fontes próximas às empresas, reflete uma estratégia agressiva para contornar sanções internacionais e fortalecer a cadeia de suprimentos de semicondutores, setor vital para indústrias como telecomunicações, defesa e inteligência artificial.
Contexto: Pressões Globais e Resposta Chinesa
Desde 2019, as restrições dos EUA limitaram o acesso da China a tecnologias avançadas de fabricação de chips, incluindo máquinas de litografia ultravioleta extrema (EUV), essenciais para processadores abaixo de 7nm.
Em resposta, Pequim acelerou investimentos sob o plano “Made in China 2025”, que prioriza a autossuficiência em semicondutores.
A parceria Huawei-SMIC, já responsável pelo chipset Kirin 9000s (7nm) em 2023, tornou-se símbolo dessa corrida.
Detalhes Técnicos e Desafios
As novas máquinas em teste combinam tecnologias de litografia por imersão (DUV) com técnicas de multipatterning, método complexo que compensa a falta de EUV. Embora funcional, o processo é mais lento e caro, com desafios em escala e eficiência.
Fontes indicam que os primeiros lotes de chips produzidos teriam yield (taxa de aproveitamento) inferior a 50%, comparado a 90% de fabricantes como a TSMC.
Impacto Estratégico e Econômico
A autossuficiência traria benefícios além da geopolítica:
- Redução de Custos: Importar equipamentos ocidentais representa até 40% do custo total de produção.
- Segurança: Contornaria riscos de interrupções na cadeia global, como visto durante a pandemia.
- Competitividade: Empresas chinesas poderiam acelerar inovações em 5G, carros elétricos e IoT.
Obstáculos e Futuro
Apesar do avanço, especialistas alertam que a China ainda está atrás de líderes como ASML, Samsung e Intel.
Desenvolver máquinas para chips abaixo de 5nm exigiria saltos em materiais e software de design.
Além disso, a comunidade internacional monitora possíveis violações de propriedade intelectual, o que pode gerar novas tensões.
Conclusão: Uma Nova Era na Tecnologia Global?
A iniciativa da Huawei e SMIC não é apenas técnica, mas simbólica. Se bem-sucedida, redefiniria o equilíbrio de poder nos semicondutores, setor que movimenta US$ 600 bilhões anuais.
Enquanto isso, o mundo observa: a autossuficiência chinesa será um divisor de águas ou um alerta para uma nova onda de protecionismo tecnológico?
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Referências
BLOOMBERG. Huawei and SMIC’s 7nm Chip Breakthrough: A Technical Teardown. Bloomberg, 2023. Disponível em: [https://www.bloomberg.com/news/features/2023-09-04/look-inside-huawei-mate-60-pro-phone-powered-by-made-in-china-chip. Acesso em: [11/03/2025].
SOUTH CHINA MORNING POST. China’s Chip Ambitions Face Yield Challenges. South China Morning Post, 2024. Disponível em: [https://www.scmp.com/search/China%E2%80%99s%20Chip%20Ambitions%20Face%20Yield%20Challenges.
A REUTERS. U.S. Export Controls and China’s Semiconductor Industry. Reuters, 2024. Disponível em: [https://www.reuters.com/technology/us-targets-chinas-chip-industry-with-new-restrictions-2024-12-02/].